Uma tecnológica "com muita alma e vontade de crescer"

Critical Software. Em Coimbra há uma empresa que desenvolve sistemas informáticos complexos para gigantes como a NASA
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Gonçalo Quadros posa para a fotografia. Atrás há uma larga sala com dezenas de trabalhadores concentrados a olharem para monitores de computadores. É ali que nascem muitos dos projetos da Critical Software. E não são uns projetos quaisquer: a empresa de Coimbra trabalha na área dos sistemas críticos, fornecendo soluções, serviços e tecnologias para clientes tão importantes como as Forças Armadas portuguesas, as principais agências espaciais internacionais (NASA incluída) ou gigantes das telecomunicações, como a Vodafone ou a Deutsche Telekom.

Este projeto, "com muito de alma" - fundado em 1998 por três estudantes de doutoramento da Universidade de Coimbra que decidiram levar para o terreno aquilo que estavam a aprender -, está agora a entrar num novo ciclo. No início do ano, Gonçalo Quadros passou a chairman (presidente do conselho de administração) da Critical, sendo rendido por Marco Costa no cargo de CEO (chief executive officer, diretor executivo) da empresa. Mas é ainda Gonçalo Quadros, sócio fundador e CEO durante sete anos, quem narra ao DN a história e evolução da tecnológica conimbricense.

A Critical nasceu quando Diamantino Costa, João Carreira e Gonçalo Quadros (os três estudantes) pressentiram que os sistemas críticos - "que garantem que uma estrutura informática não falha, ou quando falha se comporta de forma tal que é possível ultrapassar esse problema" - deixariam de ser importantes apenas nos mercados militares e passariam a ser também fundamentais para a sociedade civil. A democratização da tecnologia levou a isso. Hoje, há empresas das mais variadas áreas que precisam de "sistemas robustos, que não falham e correspondem ao que se espera deles mesmo quando há algum problema". E a Critical está lá para elas, para construir ou certificar o software informático de que precisam, seja para uma operadora de telecomunicações ou para um satélite de uma agência espacial (a norte-americana NASA, a europeia, a japonesa e a chinesa estão entre os clientes).

Tudo aquilo que a Critical desenvolve são sistemas de "elevadíssima complexidade", explica Gonçalo Quadros. Mas a marca não deixou de crescer à imagem do que foi produzindo. Saltou, em poucos anos, de uma sala no Instituto Pedro Nunes (uma incubadora de empresas de Coimbra) para um amplo complexo no Parque Industrial de Taveiro, nos "arredores da cidade dos estudantes". E, da mesma forma, saltou do estatuto de empresa portuguesa para marca global. Começou por abrir subsidiárias nos EUA e no Reino Unido - "queríamos construir credibilidade, e tendo operações lá seríamos mais facilmente respeitados", diz Quadros - e depois expandiu-se para a Europa de Leste (Roménia), América do Sul (Brasil) e África (Angola e Moçambique). Hoje, exporta 80% do que faz. E pelo meio já criou quatro spin--off com potencial para crescer: as Critical Links, Manufacturing, Health e Materials.

Agora chega o novo ciclo, com Marco Costa ao leme. O grupo prepara o lançamento de novas empresas e subsidiárias da Critical Software no estrangeiro, mas Gonçalo Quadros não mostra a carta que tem na manga ("ainda é cedo"). "Hoje estamos muito mais bem preparados para enfrentar os desafios do futuro. Temos uma grande estrutura montada. O Marco ajudou-nos a criá-la e vai continuar a missão: manter um crescimento forte, com o objetivo de nos internacionalizarmos ainda mais", aponta o presidente do conselho de administração.

De resto, a empresa de Coimbra só quer dar mais um salto: passar da realização de serviços de software à criação de produtos - estipula Gonçalo Quadros. É isso que falta para que a Critical seja "uma marca tecnológica conhecida por todos à escala global".

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